sexta-feira, 11 de julho de 2014

Fátima Bernardes diz que ida para o ‘Encontro’ favoreceu o casamento: ‘Foi bom. Eu e o William variamos os assuntos’


Fátima Bernardes não precisou de um milagre. Só confiou. Às vésperas de completar dois anos da estreia do “Encontro’’ nas manhãs da Globo, ela tem muitos motivos para celebrar: o primeiro lugar da audiência finalmente foi conquistado (marca em média sete pontos em São Paulo e nove no Rio) e ela está cada vez mais à vontade no palco e na relação com a plateia.
— Não fiquei preocupada e tive muita tranquilidade aqui (na emissora). A gente queria assumir a liderança na programação adulta e o nosso único problema, no início, foi realmente com desenho animado. Porque houve uma troca de público. Hoje, não. Há muito tempo o desenho não é problema. Graças a Deus! — comemora a jornalista.
A boa fase é percebida no vídeo.
— Eu estou mais parecida comigo. Fiz dança por 17 anos, fiz clipe para o “Fantástico”. Sempre fui a extrovertida. Mas existia um comportamento compatível com o produto que eu estava fazendo. Hoje, falam “você está mais leve”, mas quando saí do “Fantástico” para o “Jornal Nacional”, as pessoas me diziam “você não sorri como antes”. E num telejornal, não podia ficar rindo que nem uma louca. Agora, posso sorrir e posso ficar mais indignada quando tenho que ficar.

Fátima Bernardes

Após quase 14 anos à frente do principal noticiário televisivo do país, a apresentadora sabia que uma mudança brusca de comportamento frente às câmeras poderia causar um choque.
— Não dava para sair da bancada do “JN” e aparecer sambando ou pendurada numa corda fazendo entrevista no dia seguinte. Só valeria quando fosse natural para mim e o público só aceitaria quando percebesse que estava natural. Queria que as pessoas continuassem sabendo que era eu, mas que fui para uma outra área porque tinha vontade de aprender outras coisas e algo de diferente para oferecer.


A transformação também passou pelo visual. Depois de aposentar o clássico terninho, vieram os vestidos, as saias esvoaçantes e as calças bem acinturadas, que estão entre os looks mais solicitados pelos telespectadores à emissora. As roupas delinearam tanto sua boa forma aos 51 anos, a ponto de ela ganhar comentários elogiosos e maliciosos na internet. Hoje, Fátima ostenta 61kg, distribuídos em 1,69m.
— No “Jornal”, usava vestido e minhas pulseiras, mas não aparecia por causa do paletó por cima. Não podia nem colocar o braço de fora — lembra ela, que mantém sua boa forma em originalíssimas aulas de jazz: — Ensaiamos musicais da Brodway. Agora, minha aula é de “Chicago”, e só mulheres que já fizeram dança por algum tempo podem fazer. É uma delícia. Encontrei gente que fazia dança comigo na época do Méier (onde ela foi criada).
E visual cobiçado na TV começa a ser montado com antecedência. Rosa Pierantoni, figurinista do programa, prepara cerca de 15 looks por semana para a apresentadora escolher os de sua preferência.
— Fátima tem personalidade, sabe o que quer, mas joga junto, é parceira e muito feminina. Gosta de cor, de usar acessórios, brincos. E com o “Encontro” pode começar a se enfeitar como se enfeita na vida — observa Rosa.
Apesar da evolução benéfica, Fátima vibra por ter mantido sua proposta inicial mesmo depois do troca-troca na condução do programa. Em fevereiro de 2013, José Bonifácio, o Boninho, assumiu a direção de núcleo no lugar de Maurício Farias.
— Embora a gente tenha se adaptado, não me deslocava tanto, estava sempre parada, o que era cansativo e previsível, o conceito de misturar jornalismo com entretenimento está lá. Queria que as pessoas anônimas tivessem um espaço para falar, até maior do que de uma celebridade. E que os artistas pudessem falar sobre a novela, a peça ou filme que fazem rapidamente, mas que estivessem lá mais pelo tema que estava tratando.
E os assuntos são os mais variados e polêmicos. Hits e coreografias da moda, destaque das novelas, legalização das drogas, relacionamentos homoafetivos, doenças genéticas ou degenerativas estão sempre na pauta.
— A gente acertou na mistura do que é notícia como uma greve de ônibus, com o que não pode ficar de fora, que é aquele assunto que as pessoas estão falando nas redes sociais, e das coisas que têm que estar porque são assuntos que as pessoas estão discutindo na vida delas. Falo de três temas por edição. E todos os dias, em algum momento, me emociono — reflete ela, que cita a entrevista com a mãe que perdeu as filhas durante as chuvas em Angra do Reis, em 2010, e recentemente deu à luz trigêmeos, como um dos momentos em que mais se comoveu.
A resposta do público nas ruas, não poucas vezes, chega a ser comovente. Como acaba revelando seu marido, William Bonner:
— No último fim de semana, uma mulher de olhos marejados abordou a gente num shopping pra agradecer a Fátima o tratamento que o “Encontro” deu ao autismo. Ela contou que o filho autista não recebia convite para festa nenhuma na escola. E que isso acabou depois de um programa superesclarecedor. A conversa terminou com as duas de olhos úmidos. Porque foi também para isso que a Fátima decidiu realizar o sonho de fazer esse programa.
A separação física do marido com a saída do “JN” teve seu efeito positivo.
— Foi bom. A gente varia os assuntos, os amigos, misturamos os que eu fiz no “Encontro” com os de lá. Quando ele chega em casa, pergunto porque abriu o jornal com tal matéria. Ele me assiste menos, porque meu programa é na hora da reunião de pauta dele — explica ela, sobre a parceria que caminha para para as bodas de prata: — Faço 25 anos de casada em fevereiro do ano que vem. E nunca teve espaço para ciúme na nossa relação. Ele veio de uma relação com uma namorada muito ciumenta e eu também. A gente ficou meio vacinado. Parto do princípio que as pessoas só estão juntas porque querem. Você pode ter todo ciúme do mundo, pode se matar, se descabelar que se o parceiro não quiser, ele não vai ficar com você. É um sofrimento a menos.
Ciúme Fátima também não tem do “Encontro”. Sempre que parte de férias, linda e despreocupada, deixa seu programa nas mãos de Dan Stulbach e Ana Furtado.
— Passei um ano e pouco sem poder ficar gripada, se acontecesse alguma coisa comigo, não tinha substituta, ninguém nunca tinha pensado nisso. Para tirar as primeiras férias, eu gravei os programas e foi um trabalho insano. Hoje a gente tem uma dupla, que se junta ao Lair Rennó e ao Marcos Veras, e me desgarro, não tenho apego.
Além de apresentar, Fátima participa de todas as etapas de produção do programa: sugere convidados, algumas pautas e projetos especiais.
— A minha participação é permanente. Vou embora após a reunião do programa, e continuo respondendo e-mails até as dez horas da noite. A ida a Teresópolis (na apresentação da seleção brasileira para a Copa do Mundo), eu quis muito fazer. Era o nosso programa de número 500 e a chance de tentar entrevistar o Felipão — celebra ela, que em 2002 foi eleita pelos pentacampeões a musa da Copa, e recusa a apontar sua substituta ao posto: — Tenho tantas colegas fazendo a cobertura que não vou ser indelicada de indicar só uma. Esse título me deixou honrada, e foi uma grande surpresa. Desta vez, não faço cobertura da seleção.
Independentemente da Copa, Fátima continua sendo musa. Mas agora de sua equipe. A figura da jornalista icônica ainda impressiona quem trabalha ao lado dela.
— Ela é simples, humilde. Como venho de bancada de telejornal, gosto de exercitar meu lado jornalista. E quando estou ao lado dela fazendo alguma transmissão de factual, essa ficha cai com força — observa Lair Rennó.
O humorista Marcos Veras exalta a liberdade de poder zoar com a própria apresentadora.
— O dia o dia com ela no programa é muito leve e ela tem senso de humor me deixa livre para criar. Foi muito divertido fazer a imitação dela, como a Fátima Mais Tarde entrando de surpresa no aniversário dela, comemorado no palco. Ela não desconfiou de nada e riu muito — relembra.
Mas nem só de sorrisos é feita uma transmissão. Fátima assumiu a missão de tocar em assuntos delicados, sem esbarrar no sensacionalismo. E isso, sem dúvida é seu maior acerto. A homenagem a Erasmo Carlos, que foi ao seu “Encontro” uma semana depois de ter perdido seu primogênito Alexandre Pessoal foi de bom tom, e contou até com a participação do amigo de fé e irmão camarada, Roberto Carlos, por telefone.
— Não queria nada apelativo. Se o Erasmo decidiu que era hora de recomeçar, não era eu que ia fazê-lo chorar por algo que aconteceu. A vida já tem tanto sofrimento. Quando acontece uma emoção natural, ela é pertinente. Meu intuito não é fazer as pessoas chorarem. É fazer com que elas reflitam.
O que é “muuuito legal!”, como diria a própria Fátima, que usa essa expressão inúmeras vezes no ar.
— Isso é quase um caco. Nunca parei para contar, mas se alguém quiser parar para contar e mandar para mim, vai ser bom — avisa ela.
Por falar em cacos (expressões usadas de improviso, com efeito cômico), ela também já levou sua popularidade para outros programas da casa. Recentemente, participou como ela mesma da novela “Geração Brasil”, e do humorístico “Tá no Ar: a TV na TV”.
— Eu me divirto com tudo isso. Na trama, fui entregar um prêmio. Já no programa do Marcelo Adnet e do Marcius Melhem, rolou o “Encontrão”: colocaram um colchão onde caí e gravei até o making off. Meus filhos adoraram.
O público e a gente também, Fátima!

Um comentário:

  1. agora tambem existe ""vida inteligente" antes do almoço graças a apresentadora mais linda e competente da tv brasileira!

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