terça-feira, 26 de junho de 2012




CRÍTICA: 'Encontro com Fátima Bernardes'

Fátima Bernardes abriu seu programa — estreia de hoje na Globo — com imagens de sua despedida do “Jornal Nacional”. De lá para cá, explicou, foram seis meses, 19 dias e 13 horas, “menos que uma gravidez e menos que o necessário para a construção de uma casa”. A linha do tempo serviu para reconectar Fátima com seu público, e também para apresentá-la longe da bancada, de corpo inteiro, circulando pelo cenário. Fátima é simpática, tem carisma, estava segura e solta. Ela não é animadora de auditório nem ambicionou isso. Essa impressão de estar “sendo exatamente o que é” representou um precioso (e poderoso) trunfo de credibilidade que, de saída, o matinal garantiu. Para isso valeu também o link com a redação do “Jornal Nacional” e a conversa com William Bonner. Nada de renegar o que ficou para trás. Ao revisitar abertamente sua trajetória, Fátima dirimiu dúvidas que pairaram desde a sua saída do telejornal: provou que estava pronta para o desafio a que se propôs quando deixou a bancada, um passo considerado arriscado por muitos.
O “Encontro com Fátima Bernardes” é uma costura bem feita entre temas, telões, a plateia de 60 convidados e os participantes fixos, Lair Rennó, Lília Telles, Aline Prado, Victor Sarro e Gabriela Lian. A boa costura, aliás, é a chave para o êxito do programa. Na estreia, Fátima esbanjou domínio do palco e soube conduzir a conversa do telão para a plateia, da plateia para os participantes da atração, que tem direção geral de Fabrício Mamberti.
“Encontro” começou com o melhor tema do dia: a adoção. Bons personagens, histórias saborosas e informação atribuíram ao assunto o tratamento merecido. Foi sério, consistente e informativo graças também às participações de Marcos Losekann, de Londres; e Thiago Crespo, de Rabat. Ficou emocionante, mas não avançou para a pieguice. A ideia de que o assunto continuará a ser tratado durante a semana é atraente. Pode ser um drible na forma leve e rápida demais com que muitas vezes um tema mais encorpado é tratado na TV.
A primeira cruzada de fronteiras de três amigos, que foram com as famílias para a Disney, pauta seguinte, teve bons momentos e atualidade: se justificou pela estatística do IBGE, que apontou um crescimento de 18% no número de viagens de brasileiros para o exterior do ano passado para cá. Eles estavam no estúdio e seus depoimentos foram intercalados com cenas da preparação para o embarque, a insegurança, a despedida etc. Foi, entretanto, uma mostra clara das intenções do programa de voltar suas armas para uma direção bem popular. Já o terceiro tema, a depilação masculina, era totalmente desinteressante. Foi longo e dispersivo, o ponto baixo do programa.
Entre os participantes fixos, na estreia os destaques ficaram por conta de Marcus Veras e Lair Rennó. Diferentemente do que se imaginava, “Encontro...” não pareceu dividido em quadros. O resultado final foi orgânico, os assuntos correram num só trilho bem untado, foram engatando naturalmente um no outro. O cenário, bonito, ajudou. “Encontro com Fátima Bernardes” promete e teve média de dez pontos (a “TV 
Globinho”, antiga ocupante da faixa, marcava seis). Na estreia só faltou o nervosismo das estreias. Todo mundo parecia bem calmo.

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